terça-feira, outubro 05, 2010

Masarela e Kasumi
Hora do lanche

A Síndrome De Dowm E A Luta Contra O Preconceito Através Da Atividade Física!!

Por: Alexandre Vieira

A atividade física para portadores de necessidades especiais, neste artigo relacionado a pessoas com síndrome de Down,  é muito importante no processo de inclusão social, pois auxilia na socialização, na melhora o equilíbrio emocional e também ajuda prevenir doenças congênitas que por acaso venham a atingir estes indivíduos.
          A promoção da prática pedagógica adaptada as diferenças individuais dentro das escolas do ensino regular deve ser constante, mas para que isso ocorra, são necessários métodos, procedimentos pedagógicos, materiais e equipamentos adaptados. O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e estar atento o seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados como a revisão medica ou psicológica.



E outro fato de extrema importância na educação especial é o fato de que o professor deve considerar o aluno como uma pessoa inteligente, que tem vontades e afetividades e estas devem ser respeitadas, pois o aluno não é apenas um ser que aprende.
         Um dos desafios para o momento é justamente a interação entre os vários profissionais que lidam com essa deficiência, pois o problema apresenta facetas que permeiam diferentes esferas do comportamento e níveis de análise do movimento humano.



Estudos mostram que pessoas com deficiências, notadamente os portadores da síndrome de Down, alguns tendem a se tornar sedentários, levando-os a desenvolverem problemas como obesidade, diabetes, colesterol e triglicérides altos, hipertensão e doenças cardíacas.

         O estudo lembra que os portadores desta síndrome têm tendência natural a uma compulsão alimentar, o que pode levar a uma alta do peso corporal, assim como uma pré-disposição à doenças do coração. Por isso, especialistas afirmam ser fundamental que os portadores da síndrome sejam estimulados desde criança à prática regular de alguma atividade física.

           Os exercícios mais indicados para quem tem esta necessidade especial são a caminhada, a corrida, a natação, andar de bicicleta, a dança e outras atividades que a própria pessoa considere como algo saudável para o bem estar fisco e principalmente cognitivo.. São atividades que podem ser feitas sem grandes dificuldades por estas pessoas e vão ajudar a uma melhora da condição corpórea, prevenindo doenças provocadas por uma vida sedentária e ajudando a melhorar a auto-estima e o equilíbrio emocional dos portadores da síndrome de Down.



A realização de atividades motoras deste aluno, além de exercer papel preponderantemente no seu desenvolvimento somático e funcional, estimula e desenvolve as suas funções psíquicas.



O maior desafio para os profissionais da Educação Física é facilitar o envolvimento de todas as pessoas, incluindo quem tem a Síndrome.



Não há sombra de dúvida de que os indivíduos com Down respondem positivamente aos programas de atividade motora. Esses benefícios envolvem desde a sua aptidão física e saúde, até a própria qualidade da execução motora.



          A atividade física, seja no âmbito escolar ou fora dele, deve ser considerado como um nível de grande importância para o desenvolvimento físico e mental dos deficientes e da conseqüente necessidade de exercícios, porém a princípio, fica necessário que o professor responsável destas aulas tenha conhecimento das atividades para que os alunos se interessem na prática de uma atividade física e esportiva, afinal, são seres humanos, e requer o mesmo respeito e consideração como todas as outras pessoas!

Perfil do Autor

Professor Especialista pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina em Bases Metodológicas e Fisiológicas do Treinamento Desportivo.

Graduado pela USP em Licenciatura em Educação Física (Aluno-especial - 1996) Graduado pela UNISA em Licenciatura e bacharelado em Educação Física (1998).

Experiência nas disciplinas de Ensino Superior: a) Metodologia de ensino I, II e III; b) Filosofia, Sociologia e História da Educação e da Educação Física; c) Didática de ensino e Prática de Ensino; d) Educação Física Adaptada (deficiência física, mental, auditiva e visual) e) Atividade Física para saúde (Cardiopatias, Obesidade, Diabetes( tipo I e II ), Distúrbios Respiratórios, Distúrbios Posturais, Distúrbios Ortopédicos, Gravidez, Aids, Câncer e Síndromes raras), e suas implicações em programas de exercícios físicos. f) Estágio Supervisionado g) T.C.C.

Docente na UNIBAN - Brasil.

(Artigonal SC #730296)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/esportes-artigos/a-sindrome-de-dowm-e-a-luta-contra-o-preconceito-atraves-da-atividade-fisica-730296.html

quarta-feira, julho 14, 2010

A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: UMA POSSÍVEL LEITURA

A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: UMA POSSÍVEL LEITURA

Edith Rubinstein

O artigo trata do percurso da Psicopedagogia no Brasil, as diferentes concepções ao longo do tempo e a contribuição do órgão de classe na difusão e no desenvolvimento da Psicopedagogia em nosso meio.
Para esta reflexão sobre o percurso da Psicopedagogia no Brasil estarei considerando três experiências de caráter pessoal, as quais julgo importantes para se pensar nos rumos da psicopedagogia brasileira. Quero frisar que esta leitura, deve ser compreendida como uma das possíveis leituras sobre os rumos da Psicopedagogia e da profissionalização daqueles que se dedicam à área. Esta reflexão está baseada na vivência profissional como psicopedagoga clínica; no convívio com os colegas da ABPp e como supervisora nas áreas clínica e institucional. Estas experiências me permitem acompanhar as diferentes visões que se têm sobre a Psicopedagogia e sobretudo das diferentes formas de compreender o fracasso escolar.
Em nosso país, (e acredito que em outros também), surgiram primeiramente profissionais que se dedicavam a atender crianças que por diferentes razões não conseguiam se adaptar à escola. Essas crianças ficavam à margem, eram discriminadas, sofriam. Não somente elas sofriam, mas também seus professores; alguns ficavam imobilizados, outros frustrados. Pais ficam aflitos quando seus filhos não correspondem ao que deles se espera. Todos os envolvidos: a criança, o mestre, os pais, esperam que o ato de ir à escola seja acompanhado do ato de aprender. Porém nem sempre está presente, na mente das pessoas, a concepção de que aprender é um processo complexo e que envolve múltiplas variáveis.
Os primeiros psicopedagogos eram profissionais da educação, sensíveis, idealistas, que queriam ajudar na reintegração daqueles que estavam à margem. As dificuldades para aprender eram atribuídas a uma inaptidão. O aprendiz, possivelmente, deveria ser portador de algum distúrbio que o impedia de aprender como seus demais pares, as causas estavam depositadas principalmente nele.
Os profissionais buscavam compreender as razões do não aprender a partir de explicações sobre a natureza do desenvolvimento orgânico, sendo que, em muitos casos as dificuldades em alguns casos eram associadas à questão da maturidade psico-neurológica.
Para compreender melhor as questões das dificuldades de aprendizagem, buscavam-se respostas através dos estudos de psicologia, neurologia, psicomotricidade, porém, a ênfase estava numa prática, nas técnicas que melhor atendessem às necessidades que tinham por objetivo reeducar, isto é educar novamente através de um método mais eficaz, específico para o aprendiz que apresentasse lentidão, ou alguma inaptidão.
Para formar profissionais que atendessem as crianças com fracasso escolar, surgiram primeiramente no Brasil cursos de curta duração os quais ofereciam subsídios para entender aspectos específicos como aqueles relacionados com a psicomotricidade; linguagem e raciocínio. Esses cursos eram ministrados por profissionais brasileiros com experiência no atendimento de crianças com dificuldades escolares ou por profissionais estrangeiros especialmente convidados, freqüentemente do cone sul. Os profissionais iam construindo um currículo acadêmico a partir das oportunidades que surgiam em suas cidades e baseados também em sua formação acadêmica e em seus interesses específicos.
Os livreiros especializados que visitavam os consultórios e as instituições também contribuíram para a formação dos profissionais. Eles ofereciam materiais especializados em reeducação: livros, jogos e material pedagógico, especialmente da Argentina e da Espanha. Nessa época os profissionais buscavam as melhores técnicas para o seu trabalho. Pessoalmente tive oportunidade de conhecer a linha de trabalho do Dr. Bernardo Quirós da Argentina, primeiramente através de seus livros e posteriormente em cursos breves oferecido pela ABRAFA (Associação Brasileira de Fonoaudiologia) em 1977. Nessa ocasião esteve presente em nosso meio professor Jacobo Feldman, membro do Centro Médico dirigido pelo Dr. Quirós, para ministrar o curso "Distúrbios da Aprendizagem Escolar".
Posteriormente, foram sendo formados cursos de longa duração, de especialização, que objetivavam, além de oferecer recursos para o trabalho, buscar uma compreensão mais global do fenômeno da aprendizagem e das suas dificuldades. Em geral o público que freqüentava estes cursos já vinha com alguma experiência profissional, alguns eram pedagogos, outros psicólogos e outros fonoaudiólogos.
Na década de 1970 já havia movimento científico/acadêmico em Porto Alegre, preocupado com a formação e capacitação de profissionais que atendessem a pessoas com os chamados "distúrbios de aprendizagem" ou "inaptidão para aprender". Tratava-se do curso dirigido pelo Dr. Nilo Fichtner, médico psiquiatra, e chamava-se Psicopedagogia Terapêutica.
Os primeiros cursos formais de Psicopedagogia eram denominados de Reeducação Psicopedagógica, Psicopedagogia Terapêutica, Dificuldades Escolares, A criança-problema numa classe comum, entre outros. Esses cursos ocorreram, primeiramente, nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.
Um fato histórico influiu fundamentalmente no percurso da psicopedagogia brasileira - a fundação da Associação de Psicopedagogos, que surgiu primeiramente como Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo, em 1980, para posteriormente tornar-se Associação Brasileira de Psicopedagogia em 1985. Este foi sem dúvida um fato marcante, pois uma associação de Psicopedagogos, tornou-se uma associação de Psicopedagogia. Há nesta passagem uma diferença fundamental, pois se assume a área de conhecimento Psicopedagogia, a partir de um órgão de classe.
Em 1985 o tema do encontro de psicopedagogos foi: "O caráter interdisciplinar na formação e atuação do profissional". A escolha do tema sintetizava uma preocupação com a articulação entre o saber teórico e o saber prático mediado pela formação pessoal. Fazendo um olhar a posteriori percebe-se neste evento o início da construção do tripé indivisível e fundante da Psicopedagogia: conhecimento/atuação/formação. O conhecimento psicopedagógico não se sustenta sem a prática, e esta demanda uma formação pessoal específica. Esta articulação já vinha sendo gestada, mas foi na passagem de uma associação estadual de psicopedagogos para uma associação de caráter nacional de psicopedagogia, que se alastrou pelo Brasil afora um enfoque mais abrangente na formação profissional.
Não há como negar o fato de que, a partir da criação do órgão de classe, a Psicopedagogia ganhou força, corpo e penetração nos meios acadêmicos e reconhecimento público e oficial. Hoje existem várias prefeituras contratando profissionais que tenham especialização em Psicopedagogia.
Se no início do percurso profissional a ênfase estava nas técnicas, havia também preocupação com as teorias que melhor pudessem esclarecer o fenômeno das dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia nasceu de uma falta; fez-se necessário oferecer melhores recursos teóricos e técnicos para capacitar profissionais que já atendiam a criança com inadaptação escolar. Se no início a capacitação ocorria fora do marco acadêmico, aos poucos foram sendo criados cursos mais densos, alguns por iniciativa particular. Aos poucos a formação começou a ser efetuada dentro dos cursos de especialização após a graduação e de mestrado dentro das universidades.
A concepção de Psicopedagogia ainda não é uniforme. Poder-se-ia dizer que ao longo da construção da disciplina é possível distinguir três orientações diferentes, as quais denotam diferentes concepções desta área de conhecimento:

1ª - Reeducação: a preocupação maior esta com as técnicas que melhor contribuem para promover a recuperação. As dificuldades são entendidas como distúrbios, inaptidão. O atendimento das dificuldades de aprendizagem, no seu inicio, estava mais vinculado a uma visão organicista. Os educadores buscam explicações preferencialmente na neurologia. Aspectos orgânicos são motivo de preocupação dos educadores e psicólogos, testes padronizados e a normatização são super valorizados.

2ª - Psicopedagogia Dinâmica: Começava a haver uma interlocução com várias áreas do conhecimento e um distanciamento da reeducação, cresce a preocupação com aspectos da subjetividade. A aprendizagem do sujeito cognoscente, enquanto processo, é o tema central da preocupação nesta orientação de Psicopedagogia. Apesar desta tendência dinâmica, construída a partir das articulações com diferentes áreas do conhecimento, a questão não se resolveu totalmente. Não foi suficiente adquirir o conhecimento de outras disciplinas, é necessária uma construção específica, ou seja, uma tradução psicopedagógica. Não basta introduzir a Psicanálise, a Lingüística, etc. como disciplinas, para sair do enfoque tecnicista ou organicista; é preciso construir uma Psicopedagogia que não se confunda nem com a Psicanálise, nem com a Lingüística ou demais áreas.

3ª - Psicopedagogia Transdisciplinar: A Psicopedagogia está ao mesmo tempo entre as disciplinas e além das disciplinas. Esta orientação surge a partir do momento em que os profissionais constroem instrumentos próprios, teorias e estratégias próprias. Ela vem com a maturidade sendo fruto da experiência acumulada. Dentro desta concepção busca-se avaliar o potencial de aprendizagem e o processo em si. Existe maior equilíbrio na compreensão dos aspectos da objetividade e da subjetividade. Valoriza-se a técnica do profissional, o seu estilo próprio de trabalho e não as técnicas em si.
Apesar de podermos distinguir essas três diferentes orientações/concepções dentro de uma perspectiva histórica do desenvolvimento da Psicopedagogia, elas coexistem, pois a questão da formação profissional é complexa. Nem todos os cursos oferecidos estão preparados para atender às necessidades dos profissionais em formação. Várias são as causas determinantes, algumas delas burocráticas, como, por exemplo, a exigência nos cursos de especialização latu sensu, de docentes com formação teórica e titulação, mesmo que sem experiência clínica ou institucional para dar conteúdos psicopedagógicos. Nem sempre está presente, nas instituições que formam psicopedagogos, a preocupação com a plena capacitação profissional, pois o estágio supervisionado nem sempre é oferecido. Felizmente, estes problemas estão sendo enfrentados, pois são os próprios alunos que buscam e pedem a qualidade dos cursos.
A preocupação com a qualidade dos cursos é muito salutar, mas não conseguirá resolver toda a questão da formação profissional. É evidente que, dentro desta área que lida especificamente com aprendizagem, não se conseguirá jamais construir um curso que corresponda plenamente a todas as necessidades. A formação continuada é uma condição sine qua non para todos aqueles que queiram exercer a função de psicopedagogos, seja na área clínica ou institucional.
Paradoxalmente pode-se dizer que a Psicopedagogia surge de uma falta, mas para garantir sua existência a falta deve continuar presente. Não há como se pensar em compreender a aprendizagem, complexa como é, através de postulados prontos. Entendo que a Psicopedagogia é a disciplina da indisciplina, da discussão, dos contrapontos, do questionamento, da incerteza.
A contribuição da Psicopedagogia, hoje, ultrapassa os limites da clínica dos problemas de aprendizagem. Ela foi criada primeiramente para dar conta das dificuldades que a escola não conseguia resolver de forma adequada. A partir do trabalho clínico, foi se construindo uma interlocução entre os terapeutas psicopedagogos e os profissionais da escola. Se no início apenas era escutado o pedido da escola em recuperar o aluno, hoje existe um movimento na direção contrária: os psicopedagogos mostram para os profissionais da escola um novo discurso, que sintetiza três postulados:

1) Dificuldades não necessariamente, são sinônimo de patologia.

2) Para compreender e avaliar dificuldades, os testes padronizados não são determinantes. Através da observação criteriosa da criança em ação, de seu estilo próprio de lidar com o conhecimento e com o saber, da compreensão do contexto onde ela se insere, contexto cabe aos profissionais levantarem as possíveis hipóteses, sobre as dificuldades que se apresentam.

3) Considerar a singularidade do sujeito e a relação vincular professor/aluno; pais/filhos podem contribuir para minimizar os efeitos da inadaptação escolar.

Presenciamos atualmente uma tendência interessante na Psicopedagogia: profissionais da Escola buscando recursos na Psicopedagogia, para melhor compreender a criança com dificuldades, há neste movimento uma preocupação salutar com a prevenção. O olhar clínico no sentido de considerar aspectos da singularidade do aprendiz e ao mesmo tempo uma atitude questionadora, torna possível uma intervenção psicopedagógica institucional. Esta nova posição dos profissionais da instituição, torna a Escola um local onde se vive a experiência do acolhimento, da tolerância, do respeito pelas diferenças. Sabemos hoje, que a integridade, autonomia e criatividade de uma nação dependem, em grande parte, da educação oferecida pelos educadores às novas gerações. É o professor dentro de sala, nessa intimidade, quem "toma as rédeas", quem assume esta função. É preciso tomar consciência dessa responsabilidade e se preparar continuamente para responder a essa função desafiadora, conflituosa e quem sabe até da ordem do impossível.
Hoje, os psicopedagogos estão ampliando seu olhar e seu campo de ação. Eles estão presentes onde se faz necessário aprender a aprender, nas mais diferentes instituições seja em empresas ou hospitais. O reconhecimento tem ocorrido pela contribuição e pelos efeitos da intervenção psicopedagógica.
Embora o fato da formação psicopedagógica se encaminhar rumo a uma visão transdisciplinar, devemos valorizar, sobretudo, a sua primeira condição que é a de educador. Os postulados do Relatório para a UNESCO, concretizam aquilo que para a psicopedagogia é a questão central: a aprendizagem. Potencialmente, podemos todos aprender pois é nossa condição de humanos e, ao aprender nos humanizamos. A questão central é: o educador é um possível agente de mudanças.
No Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, sob o título: Educação - um tesouro a descobrir, coordenado e organizado por Jacques Delors, o professor é visto como agente de mudanças e formador de caráter e do espírito das novas gerações.
Neste documento, a Educação é vista sob quatro pilares. Para que a educação cumpra seus alvos é necessário que se organize em torno de quatro aprendizagens: aprender a conhecer, isto é adquirir ferramentas básicas para aprender; aprender a fazer, isto é adquirir uma profissão, aprender a viver juntos, a participar e cooperar com os outros e finalmente aprender a ser, pela qual se desenvolve a personalidade e identidade.
Para finalizar quero novamente ressaltar o papel fundante e fundamental d ABPp neste percurso da Psicopedagogia brasileira. A idéia de criar um órgão de classe surgiu dentro de uma instituição que forma psicopedagogos: Instituto Sedes Sapientiae. Um pequeno e idealista grupo de alunos, que estava terminando sua formação, não queria interromper os estudos e resolveu criar a associação com fins científicos culturais. Estava presente também na sua fundação o desejo de ver reconhecida e regulamentada a profissão. Isto ocorreu há mais de 20 anos. A Associação não somente nasceu para congregar e criar consciência profissional, mas também para dar continuidade à formação. A Associação nasceu e continua dentro de uma perspectiva científico cultural. É difícil imaginar a Psicopedagogia brasileira hoje sem a Associação.
Quero também lembrar o apoio recebido pelos professores do Instituto Sedes Sapientie que alimentaram o entusiasmo e acolheram os alunos no seu propósito de criar a entidade. O apoio era ideológico, mas também concreto e material, pois alguns professores ofereceram seus locais de trabalho para a primeira sede da Associação. Provavelmente, na fundação da Associação, nem o pequeno grupo de alunos e nem os mestres poderiam pensar que hoje esta Associação organizaria tantos congressos e encontros e que a Associação pudesse contribuir para que outros profissionais dos diferentes estados da União se organizassem em sessões e núcleos.
A Associação vem organizando cursos, seminários, encontros, congressos, correspondendo à sua proposta inicial: dar continuidade à formação dos profissionais da área. Sua revista é reconhecida pela qualidade da sua produção científica. Pode-se dizer que a ABPp e a construção da identidade da Psicopedagogia caminham juntas. Nos nossos encontros, seja em pequena quanto em grande escala, são discutidas as questões de natureza teórica, de natureza prática e ética da Psicopedagogia.
Tenho a convicção de que o clima de tolerância, acolhimento e convivência com as diferenças, que marcou o nascimento da Associação continua presente como marca desta agremiação. A Psicopedagogia é sem dúvida uma prática que se manifesta através de diferentes estilos. A Psicopedagogia brasileira vem construindo seu próprio caminho, ele se faz presente nas teses e monografias produzida nas Universidades e nos instrumentos de trabalho concebidos por psicopedagogos. É possível hoje olhar para a Psicopedagogia no Brasil, na sua "maioridade", construída dentro e fora dos marcos acadêmicos.
Não há como negar em nossa formação, contribuição dos nossos primeiros mestres brasileiros, sensíveis ao sofrimento da criança com dificuldades em sala de aula, Geny Golubi de Morais, em São Paulo, Nilo Fichtner em Porto Alegre, que entre outros, buscavam respostas para reintegrar a criança. Vieram posteriormente os mestres latino americanos: Sara Paín, Mabel Condemarin, Ana Maria Rodrigues Muniz, Jorge Visca, Alicia Fernandez. Suas contribuições foram fundamentais e determinantes. Foi com o impulso deles que pudemos sair da abordagem reeducativa e penetrar numa abordagem relacional, dinâmica. Na concepção atual de Psicopedagogia, estão incorporadas as modalidades de aprendizagem, isto é, leva-se em consideração a relação que o sujeito da aprendizagem estabelece com a construção maior do ser humano que é poder aprender, poder transformar. Pessoalmente estou convencida de que mais do que olhar para as dificuldades de aprendizagem, é necessário considerarmos o sujeito da aprendizagem em seu estilo próprio de se relacionar com o conhecimento e com o saber, inserido num contexto cultural onde está presente a sua singularidade.
A construção da identidade da Psicopedagogia vem com o tempo, com a maturidade, com a experiência dos profissionais, com a produção acadêmica, com a discussão, com a polêmica sadia, e, principalmente, com a consciência profissional advinda de uma agremiação forte e unida.

Bibliografia

Delors, Jacques - Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, Editora Cortez, São Paulo, 1999.

Rubinstein, E. - Da reeducação para a psicopedagogia, um caminhar, in Rubinstein, E. org. Psicopedagogia uma prática, diferentes estilos, Casa do Psicólogo, São Paulo 1999.

Rubinstein, E. - O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber e o conhecer. Dissertação de mestrado em Psicologia- UNIMARCO. 2002

Edith Rubinstein

terça-feira, junho 29, 2010

O Vento

Voar

Discalculia

Dislexia Tratamento

segunda-feira, junho 21, 2010

COMO TRABALHAR COM CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Informações para a Escola

Para que a criança construa sua aprendizagem será necessário:

  • Dividir a aula em espaços de exposição, seguido de uma “discussão” e síntese ou jogo pedagógico;
  • Dar “dicas” e orientar a criança como organizar-se e realizar as atividades na carteira;
  • Valorizar os acertos;
  • Estar atento (a) na hora da execução de uma tarefa que seja realizada por escrito, pois, seu ritmo pode ser mais lento por apresentar dificuldade quanto à orientação e mapeamento espacial, entre outras razões;
  • Observar como ela faz as anotações da lousa e auxiliá-la a se organizar;
  • Desenvolver hábitos que estimulem a criança a fazer uso consciente de uma agenda para recados e lembretes;
  • Na hora de dar uma explicação usar uma linguagem direta, clara e objetiva e verificar se ela entendeu.
Na proposta pedagógica existem as seguintes possibilidades:

a) Provas escritas de caráter operatório contendo questões objetivas, e/ou dissertativas, realizadas individualmente e/ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;

b) Provas orais, através de discurso ou argüições realizadas individualmente ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;

c) Testes;

d) Atividades práticas, tais como, trabalhos variados produzidos e apresentados através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa, criatividade e experiências práticas, realizados individualmente ou em grupo, intra ou extraclasse;

e) Diários;

f) Fichas avaliativas;

g) Pareceres descritivos;

h) Observação de comportamento tendo por base os valores e as atitudes identificados nos objetivos da escola (solidariedade, participação, responsabilidade, disciplina e ética).


Procedimentos Básicos:

  • Trate o(a) aluno(a) com naturalidade. Ele(a) é um aluno(a) como qualquer outro(a);
  • Use a linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele(a);
  • Fale olhando direto para ele(a). Isso ajuda e muito. Enriquece e favorece a comunicação;
  • Traga-o (a) para perto da lousa e da mesa do professor. Tê-Io (la) próximo (a) à lousa ou à mesa de trabalho do professor pode favorecer o diálogo, facilitar o acompanhamento, facilitar a orientação, criar e fortalecer novos vínculos;
  • Verifique sempre e discretamente se ele (a) demonstra estar entendendo a sua exposição. Ele (a) tem dúvidas a respeito do que está sendo objeto da sua aula? Ele (a) consegue entender o fundamento, a essência, do conhecimento que está sendo tratado? Ele (a) está acompanhando o raciocínio, a explicação, os fatos? Repita sempre que preciso, e apresente exemplos, se for necessário;
  • Certifique-se de que as instruções para determinadas tarefas foram compreendidas. O que, quando, onde, como, com o quê, com quem, em que horário etc. Não economize tempo para constatar se ficou realmente claro para o aluno o que se espera dele;
  • Observe discretamente se ele (a) fez as anotações da lousa e de maneira correta antes de apagá-Ia. Ele (a) tem um ritmo diferente dos outros alunos, portanto, evite submetê-Io (la) a pressões de tempo ou competição com os colegas,
  • Observe se ele (a) está se integrando com os colegas
  • Estimule-o (a), incentive-o (a), faça-o (a) acreditar em si, a sentir-se forte, capaz e seguro (a);
  • Sugira-lhe "dicas", "atalhos", "jeitos de fazer", "associações" ... que o(a) ajudem a lembrar-se de executar atividades ou a resolver problemas;
  • Não lhe peça para fazer coisas na frente dos colegas, que o(a) deixem na berlinda: principalmente ler em voz alta;
O aluno que tem o PAC alterado tem dificuldade para ler e entender o que lê. Assim sendo:
  • Avaliações que contenham exclusivamente textos, sobretudo textos longos, não devem ser aplicadas a tais alunos;
  • Utilize uma única fonte, simples, em toda a prova (preferencialmente “Arial 14”, Times New Roman 14 ou Comic Sans Ms 16), evitando-se misturas de fontes e de tamanhos, sobretudo as manuscritas, as itálicas e as rebuscadas);Com espaçamento de 1,5
  • Dê preferência a avaliações orais, através das quais, em tom de conversa, o aluno tenha a oportunidade de dizer o que sabe sobre o(s) assunto(s) em questão;
  • Não indique livros para leituras paralelas. Quando necessário, proponha outras experiências que possam contribuir para o alcance dos objetivos previstos: assistir um filme, um documentário, uma peça de teatro; visitar um museu, um laboratório, uma instituição, empresa ou assemelhado; recorrer a versões em quadrinhos, em animações, em programas de informática;
  • Ofereça uma folha de prova limpa, sem rasuras, sem riscos ou sinais que possam confundir o leitor;
Ao empregar questões falso-verdadeiro:
  • Construa um bom número de afirmações verdadeiras e em seguida reescreva a metade, tornando-as falsas;
  • Evite o uso da negativa e também de expressões absolutas;
  • Construa as afirmações com bastante clareza, aproximadamente com a mesma extensão;
  • Inclua somente uma idéia em cada afirmação;
  • Trate de um só assunto em cada questão;
  • Redija cuidadosamente os itens para que o aluno não se atrapalhe com os mesmos;
  • Use somente um claro, no máximo dois, em cada sentença;
  • Faça com que a lacuna corresponda à palavra ou expressão significativas, que envolvam conceitos e conhecimentos básicos e essenciais - também chamados de “ferramentas”, e não a detalhes secundários;
  • Conserve a terminologia presente no livro adotado ou no registro feito em aula.

Cuiabá, 19 de março de 2010.

quinta-feira, junho 17, 2010

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL

O que é o Processamento Auditivo?
É o processo de decodificação das ondas sonoras desde a orelha externa até o córtex cerebral, ou seja, a capacidade de analisar, associar e interpretar as informações sonoras que nos chegam pelo sentido da audição.

O que é um distúrbio do Processamento Auditivo (DPAC)?
É uma falha no desenvolvimento das habilidades perceptivas auditivas, mesmo com audição normal, é totalmente diferente de perda auditiva. Em geral encontra-se associado a dificuldades de aprendizagem.

A criança pode apresentar PA se demonstrar algumas destas manifestações:
- Apresenta dificuldade em manter atenção aos sons;
- Dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita;
- Dificuldade em compreender o que lê;
- Necessidade de ser chamado várias vezes ("parece" não escutar);
- Solicita com freqüência a repetição das informações: Ah? O quê?
- Dificuldade em entender expressões com duplo sentido ou piadas ou idéias abstratas;
- Dificuldade ao dar um recado ou contar uma história;
- Problemas de memória para nomes, datas, números e etc.
- Dificuldade em acompanhar uma conversa, aula ou palestra com outras pessoas falando ao mesmo tempo.
- Problemas de fala (troca /L/R/S/E/CH/)- Dificuldade em localizar a origem dos sons.

Orientações para os Pais e/ ou Responsáveis.
o Falar olhando para a criança, de frente para ela, em ambiente silencioso;
o Chamar pelo nome, fazer contato de olho ou mesmo tocar a criança antes de falar;
o Falar claramente – com ritmo, pausas, articulação clara, entonação enfatizada;
o Uma informação por vez;
o Garantir a compreensão – solicitar que repita a ordem (não apenas perguntar se compreendeu);
o Dar atenção para a fala da criança;
o Criar situações diárias de comunicação – pelo menos 30’;
o Treino de compreensão – no silêncio e no ruído;
o 15’ de leitura de história – diários;
o Trabalhar as mesmas histórias todos os meses (preferencialmente no mesmo horário nos dias de semana – flexibilidade aos finais de semana;
o 2º mês: leitura diária pela responsável, acompanhando o texto escrito, com o responsável apontando;
o 3º mês: o responsável lê e solicita reconto para trabalhar compreensão (desenhar a parte da história que gostou, só contar....);
o 4º mês: responsável lê as histórias com um rádio ligado, música perto da criança (atenção no volume – sem interferir na conversação). A criança pode escolher as histórias que desejar.
o Repetir a palavra-chave com + informações associadas;
o Oferecer opções para respostas;
o Fale sobre assuntos conhecidos;
o Reestruture as mensagens;
o Certifique a compreensão;
o Fale sobre objetos e acontecimentos presentes;
o Fale sobre assuntos de interesse da criança;
o Repita a mensagem;
o Use palavras mais simples e conhecidas;
o Reforce a palavra importante da frase;
o Espere resposta;
o Não fale demais;
o Estimule a criança a manter contato de olho ao falar;
o Demonstre atenção durante a conversa;
o Propiciem ambiente adequado para o estudo
o 1º dia – ocluir a orelha esquerda ou a mais prejudicada;
o 2º dia – ocluir a orelha direita ou a melhor que não está prejudicada;
o 3º dia – sem ocluir
o Seguir o mesmo treinamento mudando as histórias a cada 3 dias, durante 1 mês;